17.1.07

Para onde vamos?

Quase todos os dias me deparo com alguma notícia a respeito do temido aquecimento global. Inúmeras teses de destruição do planeta circulam, com diferentes visões a respeito do (cada vez mais próximo) apocalipse.
Em um cenário meio Sci-fi, falam do esgotamento das nossas reservas naturais e das alterações climáticas destruindo nossas possibilidades de existência.
Isso me leva a pensar na condição da América Latina e, em maior escala, de todo os países em desenvolvimento. Nossa crença em um progresso que nos leve ao primeiro mundo passa por um sistema ja estabelecido, por um padrão de sociedade que em grande escala não se sustenta.
Ser "dos grandes" requer um desgaste ecológico proporcionalmente maior, não é a toa que o Tio Sam é quem mais emite poluentes atmosféricos. A energia que eles dispendem está na base de seu desenvolvimento e de seu programa capitalista. O capitalismo oferece aos homens a cura (para alguns, doença) anti-entediante através da insatisfação e o par produção/consumo se encarrega de sempre aumentar as doses, extraindo cada vez mais da natureza.
Enquanto isso, vendemos nossos "títulos de emissão de gases" para que eles possam poluir com a consciência limpa. Sustentamos a produção dos gigantes e nos mantemos no nosso lugar. Graças a isso, o colapso total ainda é só previsão.
A verdade é que o planeta não suporta o desejo geral de prosperidade, nos moldes atuais. A queda na desigualdade só se dará através do prejuízo dos poderosos, em um estilo, digamos, Robin-hoodiano de ação.
Ah, isso sim é Sci-fi.

2.1.07

Solidez no virtual

Minhas reflexões sobre utopias igualitárias andavam meio pessimistas. Quem mandou ler Sade? Comecei a acreditar que o capitalismo nunca seria introdutível no seu próprio esquema de falência, exatamente por se apresentar como algo inerente à condição humana. O prognóstico marxista de que o capital entraria em crise quando se deparasse com a sua impossibilidade expansiva soa como uma grande falácia. Foi por esse motivo que comecei a procurar novos meios de ruptura dos grilhões gerados por tal sistema.
De um modo inusitado, conheci movimentos dentro da Internet, precursores de uma atitude antagônica à da lógica dominante da escassez: acessibilidade.
Isso, aos poucos, vai transformando todas as instituições vigentes e seus significados. A política nunca mais será a mesma após uma verdadeira experiência de democracia participativa. A imprensa, assim como a educação, já está sofrendo alterações radicais com a decadência do monopólio da fala. Isso sem contar nas indústrias culturais, em guerra declarada com as ferramentas digitais de inclusão que as inutilizam como intermediárias. Sim, estou um tanto empolgada demais com a revolução digital. Nela vejo uma saída para resistir, ou seria re-existir?
Não sei se isso será frustrante no futuro, mas já é uma previsão positiva e mais sólida, se é que isso é possível na nossa líquida modernidade.