7.9.09

"O pecado original é limitar o ser. Não o faça"

Há pessoas que surgem nas nossas vidas como anjos para nos fazerem enxergar o que não estávamos conseguindo sozinhos. Devo agradecimentos infinitos a um amigo arqueiro zen que clareou o céu chuvoso pra mim e se permitiu tanto quanto eu compartilhar ensinamentos, emoções e confortos. Entre as dádivas oferecidas, um livro maravilhoso para um vôo inesquecível.
 "Uma vez havia uma aldeia de criaturas no fundo do leito de um grande rio cristalino. A corrente do rio passava silenciosamente por cima de todos eles, jovens e velhos, ricos e pobres, bons e maus, a corrente seguindo o seu caminho, só conhecendo o seu próprio ser cristalino.

Cada criatura, a seu modo, se agarrava fortemente às plantas e pedras do leito do rio, pois agarrar-se era o seu modo de vida, e resistir à corrente era o que cada um tinha aprendido desde que nascera.Mas, por fim, uma das criaturas disse: 'Estou cansado de me agarrar. Embora não possa ver com meus próprios olhos, espero que a corrente saiba para onde está indo. Vou soltar-me e deixar que ela me leve para onde quiser. Se me agarrar, morrerei de tédio.' As outras criaturas riram e disseram: 'Louco! Se você se soltar essa corrente que adora o lançará despedaçado sobre as pedras, e terá uma morte mais rápida do que a causada pelo tédio!'

Mas ele não lhes deu ouvidos e, respirando fundo, soltou-se e imediatamente foi lançado sobre as pedras e despedaçado pela corrente! Mas, com o tempo, como ele se recusasse a tornar a se agarrar, a corrente o levantou, livrando-o do fundo, e ele não se machucou nem se magoou mais. E as criaturas mais abaixo no rio, para quem ele era um estranho, exclamaram: 'Vejam, um milagre! Uma criatura como nós, e no entanto voa! Vejam, é o Messias que chegou para nos salvar!'

E aquele que foi carregado disse: 'Nao sou mais Messias do que vocês. O rio tem o prazer em nos erguer à liberdade, se ousamos nos soltar. O nosso verdadeiro trabalho é essa viagem, essa aventura.' No entanto, cada vez exclamavam mais 'Salvador!', enquanto se agarravam às pedras; quando tornaram a olhar, ele já se fora, e então ficaram sozinhos, inventando lendas sobre um Salvador."  (Ilusões, Richard Bach)